O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello afirmou que as descobertas da Polícia Federal sobre um plano golpista de militares em 2022 revelam “um quadro deplorável de periclitação da ordem democrática e de perversão da ética do poder e do direito”.
Segundo a PF, a trama para evitar a posse do governo eleito envolvia matar o presidente Lula (PT), seu vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF Alexandre de Moraes. A corporação prendeu quatro militares e um policial federal na Operação Contragolpe.
“Já se distanciam no tempo histórico os dias sombrios que recaíram sobre o processo democrático em nosso país, em momento declinante das liberdades fundamentais, quando a vontade hegemônica dos curadores militares do regime político então instaurado sufocou, de modo irresistível e ditatorial , o exercício do poder civil”, escreveu Mello em um artigo publicado no site ConJur.
Em situações tão graves, prosseguiu o ministro aposentado, “ressurge fundado temor de que se desenhem na intimidade do aparelho castrense movimentos que parecem prenunciar a retomada, de todo inadmissível, de práticas estranhas (e lesivas) à ortodoxia constitucional, típicas de um pretorianismo que cumpre repelir, qualquer que seja a modalidade que assuma”. O termo “pretorianismo” faz referência à influência política abusiva por parte do poder militar.
A PF prendeu nesta terça quatro militares do Exército ligados às forças especiais, os chamados “kids pretos”: o general Mário Fernandes, o tenente-coronel Helio Ferreira Lima, o major Rodrigo Bezerra Azevedo e o major Rafael Martins de Oliveira. Outro preso é o policial federal Wladimir Matos Soares.